sábado, 30 de outubro de 2010

É só clicar no comentário e ir aquecendo os dedos no teclado, sei que não temos o hábito de transformar pensamentos em palavras, mas pode ser um exercício prazeroso e importante para o nosso ofício.

11 comentários:

  1. Tá sendo um luxo o curso com Norberto e a Andrea, muito de ponta esta pesquisa entre a dança e o teatro, de um jeito bem autoral, buscando que a gente consiga acessar aquilo que é particular, de cada um. E me parece fundamental pras artes cênicas, estas desconstruções de um lugar do ator com a supremacia do texto como palavra e do bailarino na virtuose do movimento, muitas vezes só pelo movimento. Parece que na oficina e nas conversas vai se delineando um espaço para o corpo, onde a voz é corpo, onde o corpo é música, melodia, adoro a idéia do Norbeto e da Andrea das " palavras movimento", sem aquilo já conhecido que compete a área do teatro e a área da dança, mas buscar um outro lugar deste corpo, numa outra abordagem de corpo, de cena, de dramaturgia, sem encapsular as pequenas e delicadas descobertas, mas fomentando um estado de alerta e com isto de presença, "zona de turbulência" mesmooooo. Tem um trabalho intenso de relação com o espaço, com o outro e consigo mesmo neste estado de criação, e além das oficinas bem direcionadas tem sempre um bate papo e um feedback que orienta a gente, e que acaba revelando um saber profundo e vivido por Andrea e Norberto, de tudo que é sugerido em oficina. Sem dúvida uma visão, a deles, que faz a diferença na criação, esta preocupação de achar e não se apegar, mas de tentar se manter poroso, em estado de abertura em cena, estado vivo, pra tudo que rola. Aberto pra nesta busca de dilatação do corpo, ampliar a escuta a sua volta. Cada dia tem sido como um work in process mesmo, cada dia de oficina tem sido uma soma, numa sequência deste corpo como evento mesmo, como acontecimento. E este não a la louca, mas trabalhado em técnicas direcionadas para uma relação fluente entre a razão e a intuição. Como diz o Norberto sempre e sempre: "permitam um constante diálogo entre o hemistfério direito e o esquerdo", sem podas, porque me parece que estar sem saber muito bem como realizar as tarefas combinadas da oficina são como diz a todo o momento o Norberto: "uma ocupação e não preocupação" queridos professores, estamos nos ocupando e muito com este tema.

    muito obrigada
    uma oficina que me coloca em escuta na minha própria criação e de tremenda valia pra minha visão e papel social de professora, pra sacudir mesmoooo.
    com empolgação
    luciane coccaro

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  2. Nossa Lu, que felicidade o feedback. Nós também estamos nesta "turbulência" com vocês e os retornos são sempre muito importantes. Uma coisa muito bacana que você aponta e que pra mim é essencial pra esta proposta de trabalho é a atitude ética de quem se coloca nele, uma reflexão contínua (divertida muitas vezes!) sobre nosso papel social. Grata pela sua presença. Andrea

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  3. Queridos Andrea e Norberto,
    Difícil traduzir em palavras esses dias com vocês durante as oficinas. Antes de mais nada, muito obrigado! Essas vivências continuam a reverberar no meu cotidiano profissional e pessoal.

    Andrea, você com essa delicadeza em colocar as palavras, sempre nos convida ao desafio para ir um pouco mais sem impor nada.

    Norberto, sempre muito vibrante com o hemisfério direito e esquerdo, atento a cada detalhe, fazendo um lindo "bate-bola' com sua parceira, nos possibilitando questionamentos e inquietudes para viver algo novo e sair da zona do conforto.

    Estou em contagem regressiva para voltar as oficinas.
    Monica Pimenta

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  4. Oi Mônica, temos ficado realmente muito felizes com os retornos carinhosos dos participantes das oficinas. Mesmo quando esses retornos vêm cheios de questionamentos, dificuldades enfrentadas e incertezas. Às vezes nos entre olhamos, eu e Norberto, e neste olhar trocamos o comentário: "É... parece que o trabalho está chegando nas pessoas!". Mas, sendo coerente com a proposta do trabalho, sabemos que nós dois não fazemos nada, o que nos propomos a fazer é dar espaço para que vocês sim, sejam! Claro que abrir este caminho para cada um de vocês também requer um saber, também sabemos disto.
    O próximo desafio, que pra mim também é parte do processo, é investigarmos o que, como e porque aquilo o que estamos propondo continua reverberando no seu trabalho e na sua vida pessoal. Do meu ponto de vista quando compreendemos o processo nos apropriamos de um saber. E conhecer o caminho pra que o saber seja apropriado por nós é parte deste processo de ser criativamente no mundo. Você tem um trabalho belíssimo muito bem estruturado no seu corpo, pra nós seria enriquecedor se você tiver um tempinho pra questionar-se e investigar como esse trabalho que já é seu, encontrou espaço para expandir-se e reverberar-se no encontro com a nossa proposta. Receba o desafio desta investigação como mais um convite! Quando aparecerem respostas ou outras perguntas, poste por aqui pra continuarmos esse diálogo. Abração! Andrea

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  5. Hoje no meu ensaio, o desafio foi pensar o que seria a dramaturgia dentro da minha pesquisa solo!Ainda estou questionando se para chegar na dramaturgia, o primeiro ponta pé já começa no aquecimento. Enfim, tentei me relacionar com o "entre" da respiração, a mobilização das vértebras, as sensações e percepções que se apropriam desse corpo fluindo no espaço, o olhar não mais petrificado, com vontade de sair correndo...kkk.
    Comecei a me arriscar com a tal frase:
    "Tenho uma coisa para te contar mais não vou dizer"...olha, realmente me diverti!
    Não sei se virou algo de piração ou alguma coisa boa, difícil resposta.
    Beijos Monica

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  6. Depois de uns dias sem os cursos, dias de pausa destas vivências tão intensas, enfim, me cai uma ficha sobre a questão relevante de pesquisar o entre dança e teatro. Pra problematizar mesmo, penso que se a proposta é a pesquisa na fronteira de duas áreas de alguma forma há uma pressuposição de que existem delimitações muito claras pra o que chamamos de dança e de teatro. Na minha opinião, gosto de pensar que existem danças e teatros no plural. Estou tentando pensar e compartilhar uma idéia de que eu tendo toda uma formaçao consistente em dança, do clássico desde menina, passando pela dança moderna alemã e pelo que chamamos de dança contemporânea, eu comecei a dançar quando comecei a fazer oficinas de teatro físico, costumo falar isto, comecei a "dançar" quando fui pro teatro. Me parece relevante a pesquisa do entre, bárbara, mas ela tem força se e somente se definirmos exatamente o que estamos considerando e definindo como o que seja dança e o que seja teatro. Enfim, pra pensar. Me parece que a dança está já sendo em diversos contextos borrada pelo teatro e o contrário também. Acho que a proposta das oficinas do Norberto e da Andrea sinalizam mais isto, este entre duas áreas que já estão em transformação, em movimento. Ainda pra mim quando mais me sinto inteiramente na dança é quando estou experimentando técnicas e metodologias que vem do teatro. Paradoxal né? Mas acho que estamos vivendo na cena contemporânea de fato ao pensar estas questões e por este motivo a gente não precisa se apegar as definições estanque. Na cena contemporânea me parece que nem o teatro e nem a dança conservam sua pureza, já estão aí pra serem outras coisas. O grande mérito da pesquisa do entre acho que é perceber que o que é teatro e o que é dança não está dado, mas também mereceriam uma investigação nos seus contatos e suas distinções. Viva o estudo não na fronteira, mas das fronteiras. Pra pensar.bjo enorme, saudades e até breve luciane coccaro

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  7. Que coisa interessante, porque eu tive exatamente a mesma vivência ao contrário. Comecei no teatro minha formação (primeiramente nada acadêmica) e somente depois que comecei a dançar, entendi o que era fazer teatro... Tenho um depoimento registrado no livro da Enamar Ramos que diz exatamente isto: aprendi a fazer teatro na escola de dança (lá na Angel), ali me apropriei de um material que me permitia entrar em territórios solicitados pelo fazer teatral. Só pra trocar contigo companheira... bjs Andrea

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  8. que legal Andrea, acho que percorremos nossos trajetos inversos pra encontrar um algo entre mesmo, muito bom. bjo enorme lindona
    lu

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  9. Comentário geral dos corredores...
    Essas oficinas devem continuar em 2011!
    Está sendo muito bom para todos nós, muitas descobertas e possibilidades de amadurecer nosso conhecimento, um previlégio para quem participou de todo o processo.
    Nao quero pensar que é o fim essa última semana e sim um período de pausa para férias.
    Beijos
    Monica

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  10. Hei pessoal!! Muita coisa se transformando, está até estranho de organizar. Uma das coisas que tenho a dizer é "obrigadão" pela dedicação desse trabalho, que tem me "sacudido" a cada semana. Aí vai o texto-mix entre Waly Salomão, Clarice Lispector e Norberto (eu estou muito entre as linhas).
    "trouxas nos ombros, chuva de inundação, não verei o chão. Árvores do campo batendo palmas à minha passagem, assim como o cão ladra a passagem do poeta surrado. Em que lugar eu vou ficar? Por que ali, parado na encruzilhada, eu denuncio a fome peste. Sigo sem camisa, posto à parte. Toda a cabeça está enferma e todo o coração abatido. Infelizmente, nasci sem direito divino a sustentação sem fazer esforço. Mas apesar de... e uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer(não essa morte acuado pela ofensiva inimiga). Inclusive, muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi a criadora de minha própria vida. Foi apesar de que parei na rua e fiquei olhando para vc enquanto vc esperava um táxi. E desde logo desejando vc, esse teu corpo que nem sequer é bonito, mas é o corpo que eu quero(desejo). Mas quero inteira, com a alma também. Por isso, não faz mal que vc não venha, subúrbio antes de voltar ao interior, enxotado com a dificuldade de manutenção nas grandes cidades. Debilidade: confiar só nos músculos, no pique: carência de programas/planos/projetos: desarmado diante dos obstáculos: lance de todas as forças de uma só vez: inexistência duma política de reserva e anti-dispersão de forças: fraqueza/ moleza formação provinciana do espírito. Apesar de, olho fóssil, olho míssil... a bonequinha não troca sonhos por transas. Apesar de, se deve morrer... legenda no tumular: ousou sonhar mais alto.(Imagem: menino se desprende do bonde vindo se espatifar no capot do táxi, salpicando de sangue minha camisa azul). Apesar de, dificuldade de manutenção nas grandes cidades, o dentro em que estamos não é o único lugar possível."
    grande bj
    Amandita

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  11. queridos Norberto e Andrea, foi um luxo ter participado da Ecos com vocês, assim como de todas as oficinas de vocês, aprendi muito, me deu uma arejada mesmo. Foi uma delícia o tempo todo. E sob os olhares atentos e delicados de vocês pude voltar pra cena de um modo outro, com a idéia da presença como uma ocupação e não preocupação como tantas vezes nos falava o Norberto, apoiando os pés no chão, apoiando a voz no corpo, nas articulações e sem empurrar o movimento como me dizia andrea. uma benção ter tido oportunidade de conhecer vocês. Uma vivência que trago em mim daqui pra frente como investigação, como busca. Uma virada na minha vida de professora, vocês são dois grandes mestres. Adorei o grupo e a condução de vocês. e o melhor foi ver o exercício performance da Andrea sobre a esther Williams, ali pude sentir uma prática delicada e presente dos conteúdos desenvolvidos nas oficinas. Desejo a este casal lindo um ótimo natal e uma entrada em 2011 com todos os projetos de vocês com sucesso. Muito obrigada. Foi.
    bjo enorme
    lu

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